Tenho avaliado muito a minha situação como Au Pair nos últimos dias por conta das minhas dúvidas com relação a extensão do programa que achei válido dar umas dicas para quem está ainda no Brasil (ou em processo de extensão com outra família) em busca da família perfeita. Primeiro tire da sua cabeça essa ideia porque família perfeita não existe, o que existe é uma organização de ideias e muita conversa para que você encontra uma QUASE perfeita.
Antes de soltar aqui qualquer dica prática sobre esse assunto, vamos falar sobre o tal do "feeling". E a minha experiência com ele foi nula, porque eu não tive feeling NENHUM com a minha atual hostfamily. O resultado disso? Não poderia estar em uma família melhor. Ou seja, vai saber se esse feeling aí é mesmo necessário né? Tantas Au Pairs por aí que tiveram AQUELE feeling e se deram mal não é mesmo?
Outra coisa que deve estar extremamente clara na sua mente são os seus objetivos aqui nos EUA (ou para onde você está indo como Au Pair). Por exemplo, se o seu foco é viajar muito, busque uma família que te oferecerá finais de semana off. Se o seu foco são as compras, veja um família que não mora em um lugar muito caro. Se o seu foco são os estudos, daí tem que avaliar o seu schedule e a localização, por exemplo. E por aí vai...
Esclarecendo isso, vamos a lista de coisas que acho de extrema importância na hora de se escolher uma família, PORQUE NÃO, não é só a família que tem que escolher a Au Pair não, nós também temos que escolher MUITO BEM onde vamos nos meter durante o nosso próximo ano.
1) PRIVACIDADE
Coloquei como primeiro item porque é a única coisa que me incomoda aqui na família que eu moro. Meu quaro é no mesmo andar do quarto de todo mundo e o banheiro também, e eu simplesmente daria TUDO para ter o meu quarto num basement. Se eu fosse estender com outra família, isso seria uma exigência.
As casas aqui não são de alvenaria, e dá para ouvir tudo de todo lugar. Então eu não posso assistir uma televisão a noite se o pessoal estiver dormindo, a mesma coisa sobre tomar banho, e isso é um saco, me incomoda DEMAIS essa falta de privacidade.
2) TRANSPORTE
Isso é muito importante, de verdade. Se eles vão te disponibilizar o carro, esclareça antes do match todas as regras que o carro terá: Pode usar no tempo off? Pode dar carona? Que distância posso ir com o carro? É só pra mim? Vou poder pegar logo que chegar ou só depois que tirar a DL? Pergunte tudo para não ter problemas futuros.
Se o carro não estiver incluso no pacote, pode ser que seja o fim do mundo ou pode ser que não, se informe. Saiba como é o transporte público, veja se a casa é perto de alguma estação, procure por alguma outra Au Pair que more na região, explore bastante. Eu, por exemplo, não seria NADA sem um carro aqui onde eu moro, e moro entre Los Angeles e San Diego, duas grandes metrópoles dos EUA, vai entender. Um trem, ida e volta, daqui para San Diego custa quase 60 dólares, da pra imaginar isso? Pois é.
3) LOCALIZAÇÃO
Ilusão, esse papo de localização é ilusão. Eu achei que aqui onde eu moro fosse super badalado e tal, e não é. Então é aquilo, pesquise. E como falei no começo do post, pense em quais objetivos você tem para o seu intercâmbio e, a partir disso, reflita se a localização fará diferença. Eu moro num lugar caro, então para compras e sei lá, para comer fora, fica salgadinho, a gasolina aqui é o dobro do que as minhas amigas pagam em New Jersey, só para vocês terem ideia. Em compensação, eu moro num lugar coberto por universidades incríveis e a partir disso eu estou conseguindo fazer uma especialização na minha área.
Confesso estar sentindo falta daquela barulheira e bagunça da minha São Paulo, eu gosto de pegar metrô e ir para onde eu quiser de transporte público, e isso só seria possível aqui se eu morasse, literalmente, em alguma das metrópoles.
4) FINAIS DE SEMANA
Para mim? Crucial. Não abriria mão dos meus finais de semana offs POR NADA. Mas também tenho muitas amigas que tem bastante tempo off durante a semana e também não abririam mão disso, então vai de pessoa para pessoa. Fato é que, pelo contrato da agência, a família é obrigada a te disponibilizar um final de semana inteiro livre por mês, e acho que dentro disso dá para programar as famosas "viagens de final de semana".
Geralmente que cuida de baby trabalha full time durante a semana e tem os finasi de semana off, já quem cuida de crianças mais velhas e que vão para a escola, não trabalham as 45 horas de segunda a sexta e precisam completar as horas nos finais de semana. Então isso de ter todos os finais de semana off é relativo e depende muito dos seus objetivos, mas tenha isso claro na hora das entrevistas para não cair em nenhuma furada.
5) SCHEDULE/CURFEW
O schedule é a mesma coisa dos finais de semana, relativo. Eu adoro ter um schedule fixo e acho que isso geraria muito conflito entre mim e a minha hostfamily. Tenho amigas que recebem schedules domingo a noite para a semana que está começando e é sempre muio diferente da outra semana, sério, não consigo me imaginar lidando com isso.
Eu não tenho tempo para NADA durante a semana, é aquela rotina de acordar de manhã cedinho para trabalhar e só parar no final da tarde, e de quebra tenho faculdade a noite, então é como eu falei, depende muito do que você está buscando, mas deve ser conversado antes para não chegar aqui e ser surpreendida.
Já sobre curfew, temos que ter bom senso. Eu não tenho curfew, mas nunca chegaria de madrugada horas antes de começar a trabalhar em casa, sei lá, bom senso né? Mas conheço Au Pairs que tem, inclusive quando estão off, então se informe sobre isso porque nunca se sabe o que se passa pela cabeça dos seus futuros hostparents né?
6) CRIANÇAS
Gente, não adianta não gostar de baby e achar um saco ficar com criança que não fala, não interage, não brinca, faz xixi e coco nas fraldas e acabar indo para uma hostfamily com baby e achar que vai aprender a gostar. Da mesma forma que eu me conheço o suficiente para saber que não tenho maturidade e paciência para cuidar de teenager de jeito nenhum.
Outro fator é a quantidade, 1, 2, 3, 4... 5 crianças, te imponha um limite, pense até onde você é capaz, não tente achar que você é a Mulher Maravilha ou o Superman. Então é basicamente assim que funciona, não saia aceitando qualquer família, com qualquer idade ou quantidade de crianças só para ter o match rápido, isso é furada e muito provavelmente te gerará diversos problemas futuros e dores de cabeça.
7) HOSTPARENTS EM CASA
Cara, isso é tenso. Poucas vezes em que a minha fofa ficou em casa eu pude sentir um desconforto absurdo, não consigo imaginar Au Pairs em que eles ficam em casa todos os dias, e pior é que eu quase fechei com uma família nesse estilo, obrigada meu Deus.
Na maioria dos casos que conheço de Au Pair que tem que conviver com hostparents em casa a reclamação é constante, mas toda regra tem exceções, então novamente, depende do que você está buscando. Uma coisa eu posso garantir: 99% das crianças ficam muito mais mal criadas quando os pais estão por perto.
8) CULTURA
Eu coloquei esse tópico pois aqui nos Estados Unidos existe uma grande variedade cultural: Judeus, Indianos, Asiáticos, Mexicanos... De tudo um pouco, até brasileiros. Mas sabe que eu aceitaria ir para uma família onde pai ou mãe é brasileiro...
Enfim, eu neguei um match pelo fato de a família ser judia, e não por eu ter preconceito, mas porque um dos motivos de eu estar vindo morar fora é conhecer mais sobre a cultura, e a cultura judaica é diferente, inclusive os feriados e a alimentação. Então esse é um fator que deve ser levado em consideração, caso você também tenha esse pensamento que eu tive. Meu hostdad é descendente de coreano e aqui em casa não podemos usar sapatos, por exemplo. Então a diversidade cultural é algo que tem que ser conversado também.
E é isso galera, com certeza existem muitos outros fatores passando pela cabecinha de vocês nesse momento, mas acho que consegui trazer os mais gerais. Espero que as dicas tenham ajudado e que isso tenha TIRADO DE UMA VEZ POR TODAS da cabecinha de vocês a ideia de quem apenas a hostfamily que escolhe a Au Pair, não, você deve escolher SIM, e escolher MUITO BEM. Nós já estamos saindo da nossa zona de conforto, já não vai ser fácil por si só, então vamos tentar facilitar ao máximo né?