domingo, 4 de junho de 2017

É que, na verdade, eu preciso desabafar...

Sei que cada um é cada e que nós todos temos motivos diferentes para tomar uma mesma atitude, ou ter uma mesma escolha, como ser Au Pair, por exemplo.
Uns pelo inglês, outros para fugir, alguns porque é a forma mais barata de ir para fora e ficar um longo período, outros para fazer um curso legal, alguns para viajar, outros para casar, tem quem vá sem perspectiva alguma até. E mesmo que tenhamos algumas motivações parecidas, ninguém vai exatamente pela mesma razão.
Eu fui para melhorar o inglês, fazer um curso bacana para melhorar o meu currículo e viajar, esses eram os meus motivos. E em momento algum eu cogitei a ideia de não voltar para o Brasil, nunquinha. Para mim sempre foi passageiro, um capítulo, uma fase. O meu lugar no mundo era o Brasil, eu pensava
Estava ansiosa para voltar, e como estava. Por mais que estivesse vivendo, vendo e aprendendo tudo aquilo, me sentia parada, entendem? Pois não estava investindo na minha casa própria, não tinha emprego na minha área com carteira assinada, longe do lugar que chamava de meu, me senti "parada" durante 18 meses, acreditem...
Fato é que: EU VOLTEI! E me senti muito feliz em estar de volta. Já até comentei que tive a estranha sensação de nunca sequer ter saído do Brasil um dia, e foi real. Eu sentia como se tudo que eu vivi nos EUA não fosse nada além de um fruto da minha imaginação. Era como se eu tivesse "pausado" tudo e todos no Brasil e daí, assim que eu cheguei de volta, foi só "dar play" de novo que tudo voltou a ser como era antes. Louco isso né? Eu também achava. Aliás, era uma sensação muito estranha, muito muito estranha...
O tempo foi passando, a mesmice foi me cansando. Familiares e amigos são os mesmos, graças a Deus, mas talvez eu tenha mudado. Na realidade, tenho certeza que mudei, só não sabia que tanto. É sempre bom estar com quem amo e fazendo o que gosto, como comendo uma boa comidinha, curtindo uma música, dando boas risadas, tomando uma gelada ou apenas passando algumas horas colocando a conversa em dia.
Mas calma, no geral, isso é tudo que importa? O que importa para mim realmente importa para os outros? O que eu tenho feito para ser feliz? Tenho feito as coisas pensando em mim ou nos outros? Baseado no que eu tenho tomado as minhas decisões? O que é que me faz feliz?
A tal da casa própria, é mesmo o meu sonho ou seria do meu pai? A carteira assinada é pretensão minha ou da minha mãe? Construir a minha vida no lugar onde nasci, independente de tudo, é mesmo a melhor e única opção que tenho? Essa ideia de uma vida estável partiu de quem?
Eu não acho errado ouvir e seguir conselhos de pessoas que nos amam e querem o nosso bem, não acho incorreto fazer algo com base em experiências de outras pessoas. Mas acho errado fechar totalmente os olhos para o nosso próprio coração e nossas vontades para agradar o próximo. Abrir mão de certas coisas para ter uma relação saudável com as pessoas ao nosso redor é muito diferente de deixar de ser feliz para satisfazer o próximo, e cabe a nós saber separar essas duas coisas. Alguns possuem até uma inteligência emocional mais aguçada que outros, mas isso é algo que PODE e DEVE ser analisado e praticado dentro de nós mesmos.
Venho então, finalmente, desabafar que sim, eu mudei totalmente o meu pensamento e que, com certeza, isso só aconteceu porque eu voltei para o Brasil e pude sentir e entender tudo isso com a vivência.
Por mais difícil que seja morar com estranho, também não é fácil voltar para a casa dos pais. Por mais desgastante que seja cuidar de crianças, eu estou para conhecer alguém que não se desgaste sentado na cadeira do escritório umas 8 horas por dia. Estar longe de tudo e todos que conhecemos é bem difícil, mas conhecer e aprender o novo nos dá um prazer imenso.
Eu ainda não encontrei a plenitude, e talvez nem chegue ao 100%, mas eu abri meu pensamento e meu coração e, a Larissa que sou hoje, talvez curtisse a experiência como Au Pair de forma diferente a primeira, ainda que a primeira tenha sido perfeita, ao meu ver.
Se eu fosse aplicar para o programa hoje, eu viveria a experiência com mais intensidade, pensando mais no hoje e deixando de me preocupar com um futuro no Brasil que sequer tenho controle. Porque cá estou, sem casa, carro, carteira assinada, pós gradução, marido ou qualquer coisa do gênero. Então te pergunto, até onde temos o controle da nossa própria vida?
Estou feliz, mas já não acredito que a minha felicidade seja baseada naquilo que pensava que era, e acho que isso é bom, e vocês?

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